Estava lembrando sobre a censura na época da Ditadura militar, década de 1960. Foi então, que eu fiz uma comparação com a censura vivida pela imprensa nos dia de hoje. A conclusão foi uma só. Na década de 1960, em plena repressão, a sociedade brasileira vivia debaixo de uma coberta que camuflava todos os acontecimentos sócio-políticos e econômicos comprometedores para o governo.
A estratégia era fornecer aos jornalistas incentivo que fosse capaz de tornar a mídia brasileira um aliado simpatizante do governo. Entre os incentivos políticos e econômicos tínhamos subsídios para as empresas de comunicação, descontos em tarifas aéreas, isenção de impostos, investimento no jornalismo econômico e internacional, etc.
Durante a ditadura, ocorreram vários acontecimentos de torturas, exílio e morte de políticos opositores - até mesmo jornalistas.
Eram inúmeros os crimes políticos, a tortura e o desaparecimento de pessoas, a fome e a repressão em todas as áreas da sociedade.
Agora vamos pensar nos dias de hoje. A imprensa é chamada de cidadã, tem como objetivo denunciar, provocar melhorias e evitar que outro golpe político aconteça. Em nossas casas chegam notícias de crimes políticos, homicídios, assaltos, problemas sociais e muito mais. Vemos uma imprensa ousada, que dá um show de cobertura, mostra todos os detalhes, entrevista vítimas e acusados e luta para sobreviver diante de mudanças sociais, tecnológicas e políticas. Aparentemente não conseguimos enxergar onde está a censura, não é mesmo? Ela ainda é encoberta com incentivo ilegal, suborno, ameaças e mortes. O que pode ter mudado um pouco é que tais ameaças nem sempre partem de políticos, mas, de traficantes, donos de terra e pessoas estejam “encrencadas” e não queiram ser pegas. Ainda temos que enfrentar políticos que apelam para a desvalorização da profissão com a abolição da obrigatoriedade do diploma. Vejam bem, as coisas acontecem “entre linhas”. Todos sabem que existem várias pessoas atuando na mídia sem serem formados em jornalismo e isso nunca fez alguma diferença. Sabemos, também, que a mídia incomoda muito corruptos e “artistas” desse grande picadeiro. Por isso, entre linhas percebemos uma repressão de maneira oposta à da ditadura. Se na década de 1960 a imprensa possuía incentivos do governo, hoje, temos o oposto, porque será? Mudaram os motivos, ou ainda são os mesmos?